O que é?
É uma abordagem médica integrativa.
A Homotoxicologia surgiu no século XX com o médico Alemão Hans-Heinrich Reckeweg (1905-1985), que desenvolveu o conceito de Homotoxicologia, resultante da sua perspetiva de integração da Homeopatia com o conhecimento da ciência médica (3, 4).
A Homotoxicologia segue as indicações da Medicina Convencional, com a aplicação de terapêuticas vinculadas à Homeopatia, originando a integração de ambos os conhecimentos (3, 4).
A teoria da Homotoxicologia é uma teoria inovadora, baseia-se no conhecimento científico da fisiopatologia celular e apresenta os seguintes princípios:
1. A doença é um processo dinâmico (4);
2. Os sintomas da doença resultam da reação do organismo desencadeada por homotoxinas (substâncias que causam danos à saúde do Homem), na tentativa de as tornar inócuas e de as eliminar (4);
3. A resposta defensiva/adaptativa do organismo desencadeada pelas homotoxinas (doença) apresenta 6 fases: eliminação, reação, deposição, impregnação, degeneração e neoplásica (4).
Nas primeiras 3 fases (humorais), o organismo tenta eliminar as homotoxinas, preservando os órgãos e as células (4).
Nas últimas 3 fases (celulares), a capacidade defensiva é ultrapassada e o organismo tenta adaptar-se às homotoxinas, no entanto, esta resposta não consegue prevenir danos celulares e disfunções orgânicas (4).
Segundo Reckeweg, “todos os processos que designamos como doença são a expressão biológica de mecanismos de defesa favoráveis contra homotoxinas exógenas e endógenas (fases de excreção, reação e deposição), ou são a tentativa de compensação biológica do organismo perante a agressão prolongada das homotoxinas (impregnação, degeneração e neoplásica), com o objetivo de manter a vida o mais longa possível” (4).
Como Atua?
Em Homotoxicologia, as terapêuticas incluem a administração de um ou vários medicamentos Homeopáticos, com os seguintes objetivos:
1. Favorecer a eliminação das homotoxinas exógenas e endógenas (4);
2. Contribuir para a regulação dos mecanismos de resposta, sem supressão (4).
Para tal atua a diversos níveis, dos quais se destacam:
1. Regulação dos órgãos emunctórios (excretores) (4);
2. Destoxificação, com particular importância do fígado e do tecido conjuntivo (4);
3. Regulação do sistema linfático (4);
4. Regulação do sistema neuro-imuno-endócrino (4).
O que são os medicamentos de Homotoxicologia?
Tal como os medicamentos Homeopáticos, os medicamentos de Homotoxicologia são produzidos a partir de substâncias de origem mineral, vegetal ou animal, cujas tinturas mãe são sucessivamente diluídas e dinamizadas, até à diluição desejada (2).
A Homotoxicologia inclui ainda a utilização de medicamentos homeopáticos preparados a partir de uma maior diversidade de substâncias, nomeadamente nosodes, enzimas, medicamentos alopáticos, entre outras (4).
A Homotoxicologia aplica medicamentos que resultam da combinação de diferentes substâncias homeopáticas, elaboradas de acordo com as Normas da Farmacopeia Homeopática Alemã de 1978 e em conformidade com a Diretiva Comunitária 92/73 CEE (3) (ex: Arnica D2 associada à Calendula D2, no mesmo medicamento).
Mecanismos de Ação
O mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos ainda não está cientificamente demonstrado.
Algumas teorias propõem explicações para este mecanismo, tal como a teoria da “Memória da água”, no entanto até à data e à luz do conhecimento científico disponível nenhuma se encontra demonstrada.
Os avanços do conhecimento científico são aguardados com espectativa, pois espera-se que estes venham a contribuir para a identificação do mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos.
Apenas um exemplo para demonstrar a dependência do avanço do conhecimento científico. A identificação do mecanismo de ação da acupuntura só ocorreu quando surgiram conhecimentos de neurologia que permitiram a sua explicação, nomeadamente a identificação de diferentes tipos de fibras nervosas, de vários neurotransmissores e da forma como estes interagem.
Indicações Terapêuticas
Tal como a Medicina Convencional, a Homeopatia e a Homotoxicologia dispõem de medicamentos, que têm indicações terapêuticas especificas de acordo com a(s) patologia(s), sinais e sintomas do doente.
Apesar de apresentarem algumas características intrínsecas diferentes, a Homeopatia e a Homotoxicologia têm as mesmas indicações terapêuticas da Medicina Convencional.
Aplicam-se em inúmeras situações clínicas, das quais se destacam alguns exemplos de algumas patologias mais frequentes (5):
1. Patologia digestiva (ex.: vómito, diarreia, cólica);
2. Patologia respiratória (ex.: coriza, tosse, RAO/COPD);
3. Patologia cardíaca (ex.: insuficiência cardíaca congestiva);
4. Patologia urinária (ex.: insuficiência renal crónica, urolitíase, cistite recorrente);
5. Patologia de pele (ex.: dermatite, seborreia crónica);
6. Patologia musculoesquelética (ex.: doença degenerativa articular, tratamento complementar de fraturas ósseas);
7. Controlo de quadros de dor, particularmente no caso da dor crónica;
8. Patologia reprodutiva (ex.: tratamento complementar de piómetra);
9. Patologia neurológica (ex.: tratamento complementar de patologia medular compressiva por hérnia discal);
10. Distúrbios do comportamento (ex.: tratamento complementar da ansiedade e da agressividade);
11. Tratamento complementar de neoplasias (tumores);
12. Estimulação do sistema imunitário;
13. Tratamento alternativo de grupos de risco para os efeitos secundários dos fármacos (ex.: dor de origem musculoesquelética num animal com contraindicações para a administração de anti-inflamatórios não esteroides);
14. Terapia complementar com o objetivo de contribuir para a redução ou suspensão de uma medicação (ex.: analgésicos; anti-inflamatórios esteroides; anti-eméticos; anti-diarreicos).
Protocolo Terapêutico
O protocolo terapêutico é estabelecido de acordo com as características do paciente animal (Terreno), da sua patologia, e dos sinais e sintomas apresentados.
O protocolo terapêutico inclui o(s) medicamento(s) de Homeopatia e/ou de Homotoxicologia escolhidos de acordo com os princípios da Homeopatia e da Homotoxicologia, e administrados de acordo com as suas indicações terapêuticas.
O protocolo ajusta-se de acordo com a evolução clínica do animal, pois depende da sua resposta à terapêutica.
A evolução do caso clínico é preferencialmente avaliada pelo veterinário responsável pelo caso clínico.
Referências bibliográficas
1. World Health Organization. Legal Status of Traditional Medicine and Complementary/Alternative Medicine: A Worldwide Review; 2001.
2. World Health Organization. Safety Issues In The Preparation Of Homeopathic Medicines; 2009.
3. Heel BH. Ordinatio Antihomotoxica et Materia Medica: Heel; 2003.
4. Reckeweg H-H. Materia Medica Homeopathia Antihomotoxica. 4th ed: Aurelia; 2002.
5. Heel BH. Veterinary Guide. 5th ed. Baden-Baden: Heel; 2008.